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domingo, 1 de junho de 2008

ÍNTIMOS, MAS NEM TANTO...

Carol, veja o texto ai amiga, um pouco de ontem...Bjoca. E é isso msm...




Hoje me lembrei do que uma ex-colega de faculdade me disse uma vez sobre a vida de casada. Valéria, que tinha acabado de se separar, estava analisando os prós e os contras do casamento (em geral e o dela própria) e se saiu com a seguinte colocação: “A melhor coisa da vida de casada é você chegar em casa e encontrar seu companheiro te esperando com um pijama de bolinhas. E a pior coisa da vida de casada, sabe qual é? É você chegar em casa e encontrar seu companheiro te esperando com um pijama de bolinhas”. Achei perfeito.A rotina e a previsibilidade podem ser ótimas, porque nos dão sensação de segurança. Mas também podem ser fonte de tédio. Ao mesmo tempo que precisa se sentir seguro, o ser humano gosta de conviver com o inesperado. Quer o novo, o desconhecido, aquilo que por muito pouco escaparia ao controle. O pijama de bolinhas do companheiro nos enche de conforto emocional, mas tira nota zero no quesito surpresa. A sede de aventura às vezes fala mais alto e a vontade que se tem é de chegar em casa e encontrar um corpo sem pijama, ou, sejamos honestas, um outro corpo.Hoje me lembrei disso porque uma amiga que está namorando seu ex-marido, e andava muito encantada com o tom de romance que a relação ganhou neste segundo turno, acaba de ter seu primeiro choque de realidade. Ontem ligou pro ex, que está viajando, e a primeira coisa que ele perguntou foi sobre a temperatura em São Paulo. Depois discorreu sobre o tempo no Rio e em seguida fez um relatório sobre um acidente de trânsito que tinha acabado de ver. Minha amiga, que estava esperando palavras românticas, teve que se contentar com o que chamou de “boletim de rádio AM”. Trânsito, meteorologia y nada más.Acho que, quando se divide por muito tempo a fase do pijama de bolinhas, fica difícil reencontrar aquele tom de começo de relação. O pijama faz parte de um kit que não costuma incluir palavras muito românticas, gestos inesperados, pequenos rituais de sedução. O casal vai perdendo a cerimônia, pondo roupa de ficar em casa (em todos os sentidos) e, quando os dois se assustam, estão a um passo de virar irmãos. Minha amiga voltou com o ex disposta a evitar todas as ciladas do excesso de intimidade que contaminaram a convivência do casal. Começaram bem, mas, ao que tudo indica, ele recaiu rapidinho. O boletim de rádio AM é típico da fase do pijama consolidado, da burocracia ameaçando invadir todos os cantos onde antes existia paixão. Tem quem goste. Tem quem prefira a placidez dos afetos domesticados à imprevisibilidade de uma vida a dois que inclua surpresas e riscos. Minha amiga pertence à segunda tribo e está quebrando a cabeça na tentativa de descobrir o que fazer pra conciliar a intimidade herdada do passado com o novo encantamento. Quer conquista, charme, cerimônia, sedução. Tudo que não combina com pijama de bolinhas. Aliás, com nenhum pijama. Desejo sorte a ela – e a ele. Que os dois tenham amor e sabedoria suficientes pra resolver a equação.

Leila Ferreira - jornalista

2 comentários:

Bruna Aguilar disse...

Queria muito alguém com pijama de bolinhas...

Bruna Aguilar disse...

Nuncha, eu adoro esse texto...hj o procurei a tarde toda p reler!
Eu me encontro nele, pq n gosto nada do previsivel, nada da rotina...p ser bem sincera: detesto rotina!
Mas adorari ter alguém p vestir o tal pijama de bolinhas,msmo q de vez enqdo...heheh